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Sanaihcab, Opus II

from Asas by Clangor

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lyrics

Já se foi a jamais experienciada vida em que eu costumo crer, vez por outra, como às vezes desejo uma sonata toda em acordes maiores depois que a dissonância amargou com seu fel meus ouvidos e coração. Já se foi a chance única e silenciosamente manifesta da minha flor ser só flor, do perfume penetrar narinas e pele apenas - sem reminiscências ou imaginações -, da relva ser a cama vespertina para um sono sem sonhos, mas meus olhos estão cheios de Levy Strauss e Fractais, mas sequer confio na bondade que me resta e me é inerente: sigo os dias derramando na terra as sementes e o sal com as mãos piedosas e egoístas que passam horas sem fim me mostrando a mim mesmo.

Estou infectado como o solo em que piso, tudo o que poderia crescer necessita umidade e já não creio no rio que corre daqui de dentro até o outro lado do horizonte, o vejo qual lagoa que se formara nas últimas chuvas e que os dias de sol cáustico transformaram em estagnação e vício: água que não limpa, lama que não se molda e da qual nada é criado – nem planta, nem adão. Mas o obscurantismo e a arrogância niilista que me possuem, acorrentando meus movimentos, meu sorriso, minha boa-fé, fazem de mim o outro compositor surdo e mal-amado e só aqui, mentalmente, a confusão de distorções e dissonâncias são ouvidas qual cello e oboé – promessa de melodia em decurso, de tempo escoando, de lama no leito – decantação.

Que venham os segundos temporalmente ordenados, os compassos enfileirados, que adentrem minha atonalidade de cítara, meu universo sem idade nem marxismo, que brinquem de ciranda com a microfonia e o overdub, com meu satanismo de torre de cristal, e que haja, aí, a promessa de lótus desabrochando no lodo adormecido, da mão enlameada, da mão ensanguentada: ser a imagem do eu-oleiro, do eu que cria e molda o coração arrancado do próprio peito.

credits

from Asas, released October 6, 2004

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